sábado, 28 de janeiro de 2012

Romulo, o rinoceronte.

Lá estava eu, ainda encantada com os flamingos que vira pela manhã, quando me deparei com uma placa com os seguintes dizeres: “Por que esse rinoceronte anda em círculos?”. Pensando que se tratava de alguma história bonitinha, ainda sem notar o animal ao qual a placa se referia, fui toda saltitante ler o resto do texto. Não era uma história alegra, aliás, muito longe disso, me deixou triste por horas e ainda não sei por que me afetou tanto.
O rinoceronte em questão se chama Rômulo e de fato o pobre animal anda em círculos sem parar, apesar do espaço que tem por lá. Não que seja uma selva, mas ainda assim. O que aconteceu foi que antes de ir para o Bioparc, uma espécie de zoológico que tem por aqui, ele era animal de circo e vivia em uma jaula bem pequena. Depois de vários anos sem espaço, ele desenvolveu esse comportamento estereotipado de andar em círculos. Sim, sim se trata de um rinoceronte lelé da cuca. Pelo que dizia, ele estava em tratamento e estava melhorando, embora ainda andasse em círculos sem parar. Sua função no Bioparc agora, além de se tratar, é servir como estímulo à reprodução dos rinocerontes de lá. Aparentemente eles só entram em acasalamento quando há um segundo macho na região, que seria uma “ameaça” ou algo do gênero, não lembro bem para dizer a verdade, mas a coisa ia por aí.
Entretanto, o que mais me chocou foi ele não conseguir ver o que tinha ao seu redor e fiquei pensando se nós também não seríamos um pouco assim, acostumados a ficar dando voltas no mesmo lugar e se um dia uma oportunidade aparecesse, não a veríamos porque estamos muito focados em dar voltas. Não sei se consegui ser muito clara, é como se estivéssemos presos em uma rotina e fosse para nós tão difícil sair desse ciclo quanto é para o Romulo sair de seus círculos, mesmo que um mundo novo e diferente esteja lá fora, nós não conseguimos vê-lo, não vamos explorá-lo. Fomos ensinados a seguir um caminho e por aí vamos, sempre, dando voltas e voltas sem levantar a cabeça, sem mudar a direção.
Com ou sem reflexões malucas, o fato é que essa história me deixou triste por horas e também, curiosamente, com vontade de compartilhá-la. Aí está, em breve mais histórias para contar, da próxima vez escrevo algo mais alegre, prometo.

4 comentários:

  1. ai que dó... pode entrar lá e dar um abraço no Rômulo?

    ResponderExcluir
  2. você é a primeira filósofa de rinocerontes que eu conheço! fiquei impressionada com o Rômulo lelé da cuca, mas mais impressionada ainda com quantas oportunidades de refletir sobre as coisas como vc fez eu não perdi, enquanto estava nos meus círculos...

    ResponderExcluir
  3. Condicionamento. Essa palavra resume tudo. Às vezes a gente precisa de uma ajuda para sair do “círculo vicioso“ como o Rômulo. Mas nem sempre. O ser humano é multiplo e eu acho isso incrível! “Filosofa da Rinocerontes“, como diz a Gabi S., aproveite bastante a Espanha, tire muitas fotos e aprenda muitas coisas novas! :)
    .

    ResponderExcluir
  4. Isso me lembrou o paradoxo do passarinho
    http://youtu.be/_HEEXVtkVNc

    ResponderExcluir